Título Original: The Return of The King (# O Senhor dos Anéis)
Autor: J.R.R. Tolkien
Editora: Publicações Europa-América
Número de Páginas: 450
Sinopse
Eis que chegámos à terceira parte de O Senhor dos Anéis.
Esta terceira parte, O Regresso do Rei, trata das estratégias
opostas de Gemdalf e Sauron, até ao fim da grande escuridão, que
concluirá esta fantástica viagem pelo estranho mundo criado pela
vivíssima imaginação de Tolkien.
Uma epopeia fabulosa que é acima de tudo uma história de Amor e Amizade,
de magia e realidade, de guerra e paz, de coragem e entreajuda, de
diferença e igualdade, de ambição e poder…Já lido por 100 milhões de
leitores em mais de 25 línguas diferentes.
Opinião
A mãe de todas as fantasias, a inspiração para todos os
autores que transcenderam as imaginações e criaram novos mundos, a obra de
todas as obras, é assim, e muito mais, que podemos ver O Senhor dos Anéis. Demanda de amizade, lealdade, honra e feitos
lendários, terra de hobbits, elfos, anões, ents e homens, escolha entre o Bem e
o Mal, onde as canções ganham vida, os mitos têm um fundo de verdade e as
profecias se realizam. Assim se escreveu a história da Terra Média, da Guerra
do Anel, do regresso do rei a Gondor, assim leitores por todo o mundo, durante
gerações, se apaixonaram e descobriram o verdadeiro significado de Épico, assim
se fez a aventura mais extraordinária da Fantasia.
Escrita como um trabalho cristão, recheada de temas
teológicos, a trilogia de Tolkien é um hino às virtudes, e Frodo, a
personificação de “não nos deixais cair em tentação/mas livrai-nos do mal”,
algo bem presente na sua luta constante contra o Anel Um. Negada a inspiração
nos tempos conturbados que se vivia, negada a visão de Sauron enquanto Hitler,
a verdade, é que O Senhor dos Anéis foi
uma visão que ultrapassou todas as expectativas, que simboliza a misericórdia,
a irmandade e a justiça, e nunca saberemos, se escrito noutra altura, não seria
uma obra diferente.
O fim está próximo e toda a Terra Média se mobiliza para uma
batalha que à partida pode estar perdida mesmo que a esperança se tenha
reacendido nos corações de todos. Amigos estão prestes a reencontrar-se,
promessas quebradas serão, finalmente, cumpridas e um destino que há muito
aguarda nas profundezas das trevas está prestes a realizar-se e a tomar para si
um trono e uma missão com séculos de existência. Enquanto isso, a coragem ganha
vida de formas inesperadas, lealdades domam origens e nas pedras e campos novas
lendas serão criadas, novos heróis nascem e o mundo, tal como é, renascerá,
seja a derrota ou a vitória que os espera, para um amanhecer inundado em sangue
onde os gritos e canções se misturam com o som de espadas a cruzarem-se
enquanto lágrimas de tristeza ou alívio fluem pelas faces de guerreiros.
Final épico, O
Regresso do Rei arrepia, leva-nos a virar as páginas com os dedos a tremer,
tal é a expectativa de saber como tudo acabará, se todos os que se entranharam
nos nossos corações sobreviverão, quantos perderemos, quantos sacrifícios serão
feitos para que Mordor se quebre. Apesar de saber há muito como termina a
Guerra do Anel, não consegui evitar ser totalmente transportada para o poder
destas páginas que assoberbam o leitor, o meu coração não ouviu a minha mente e
deixou-se dominar pelo lirismo e força da escrita de Tolkien, pelas dúvidas e
perdas dos nossos companheiros, pelo medo da derrota, pelo sofrimento da
espera. Ler cada descrição bélica de Tolkien transportou-me, imediatamente,
para a beleza das batalhas da Ilíada
e, tal como esta, as palavras inspiram a imaginação, dando imagens vivas de
negritude, de desespero e coragem, trazendo consigo presságios e transformando
cada um dos combatentes em deuses, verdadeiros mitos que ganham altura e força
pelo brilho da sua alma.
Onde a morte e a imortalidade se cruzam, onde a salvação
pode depender da simplicidade longe de ser ambiciosa, o destino da Terra Média
cruza-se com a existência deste grupo de amigos tão diferentes, que ligados por
sentimentos de lealdade e honra, dedicados uns aos outros mesmo depois da queda
de outro, separados por obstáculos e inerentes aos perigos que por todo o lado
se escondem, lutarão até ao fim pela esperança, pela partilha e por um futuro
onde todos possam, pelo menos viver. Aqui, conheceremos, por fim, a
profundidade que cada um tem, o que cada um está disposto a fazer pelo outro, quão
longe podem e conseguem ir, quando nada mais parece fazer sentido, quando tudo
parecer perdido e o fim é uma certeza.
Recheada de momentos surpresa, onde as revelações podem
mudar o curso do destino, a narrativa é acompanhada de um lirismo, de uma
beleza tal, que mesmo quando a luz nos abandona e as trevas nos sufocam, não podemos
deixar de admirar o poder e o encanto das palavras de Tolkien, de como ele
molda cada caminho, como cada destino tem escolhas e consequências, de como,
mesmo acabando da forma que acaba, temos a noção de que muito tem de ser
recuperado, muito se destruiu e que nada será como antes.
Apesar de já saber a história, havia muita coisa que não é transmitida
no filme e uma delas é o verdadeiro final da trilogia que, para além de ser
surpreendente, traz muitas resoluções, explica outras tantas e consegue acalmar
a curiosidade que o filme não mata. Outro tesouro é os vários apêndices que
contam tantas histórias, resolvem uns quantos mistérios, explicam facetas deste
mundo imenso que a nossa mente não apreende por completo. Um encanto para os
nossos olhos que satisfaz o leitor e aguça a vontade de ler mais deste mundo
precioso.
Chegada ao fim da minha missão, terminar O Senhor dos Anéis, é com um prazer e um
novo entendimento que me confesso súbdita da mestria deste homem, que inspirou
muita da fantasia que já li, que transformou o mundo, pelo menos dos livros, e
nos deixou como herança obras notáveis que continuarão a ser transmitidas por gerações,
seja em papel, digitalmente, ou lá como o futuro quiser, e que nunca perderão o
brilho. Obrigada por nos dar Aragorn, Frodo, Gandalf, Sam, Gollum e tantos
outros, obrigada por nos ter dado a high
fantasy como ela é hoje.
7*
As minhas opiniões da série:
A Irmandade do Anel
As Duas Torres