Título Original: Gypsy
Autor: Lesley Pearse
Editora: Edições ASA
Número de Páginas: 520
Sinopse
Liverpool, 1893. Os sonhos de Beth são desfeitos quando ela, o irmão
Sam e a irmã mais nova, Molly, ficam órfãos. As suas vidas, até então
tranquilas e seguras, sofrem uma dramática reviravolta. Para escapar a
um futuro de miséria e servidão, Sam e Beth decidem arriscar tudo,
atravessar o Atlântico e partir à conquista do sonho americano. Mas
Molly é demasiado pequena para os acompanhar e os irmãos vêem-se
obrigados a tomar uma decisão que os marcará para sempre: deixá-la em
Inglaterra, a cargo de uma família adoptiva.
A bordo do navio para Nova Iorque não faltam vigaristas e trapaceiros,
mas o talento de Beth com o violino conquista-lhe a alcunha de Cigana, a
amizade de Theo, um carismático jogador de cartas, e do perspicaz Jack.
Juntos, os jovens vão começar de novo num país onde todos os sonhos são
possíveis.
Para a romântica Beth, esta será a maior aventura da sua vida. Conseguirá a Cigana voltar a encontrar um verdadeiro lar?
Uma história de amor incondicional e coragem sem limites. Um livro irresistível, da autora de Nunca me Esqueças, Procuro-te e Segue o Coração.
Opinião
Com fãs por todo o mundo, Lesley já vendeu mais de 7 milhões
de exemplares dos seus livros, demonstrando que não é apenas amada pelos
leitores britânicos. Capaz de escrever sobre os mais variados temas e géneros,
esta autora nunca consegue evitar dar-nos uma personagem feminina marcante que
irá percorrer um caminho doloroso até ao merecido final que pode, ou não, ser
feliz. Autora de vinte livros, escritos entre 1993 e 2012 e um novo trabalho em
caminho, a autora já deu mais do que exemplos suficientes do porquê da sua
escrita ser tão aclamada.
A Melodia do Amor,
publicado em 2008, retrata, mais uma vez, a corrida ao ouro e a emigração de
ingleses para a América em busca de uma vida melhor, tema esse que predominava
no primeiro livro da autora e pelo qual me apaixonei. Estavam assim reunidos os
ingredientes para mais uma leitura empolgante e desesperante que não permitiria
pousar o livro.
A música não é um sonho mas um talento que a faz feliz, algo
que lhe permitirá esquecer a mágoa e o sofrimento que as imagens mais
inexplicáveis e as confissões mais inesperadas lhe provocaram. Ao correr atrás
de um sonho que não é seu, Beth descobrirá o amor, a paixão, a amizade e a
lealdade, descobrirá que o destino não a espera no serviço de criada ou de
empregada de loja e que a herança longínqua que o pai amava e a mãe repudiava,
continuará a ser o seu único modo de ser ela própria. Entre as mesas de jogo,
os palcos e a corrida ao ouro, Beth terá de passar por todas as provações, de
crescer mais rápido do que desejaria para descobrir que o sonho, muitas vezes,
caminha ao nosso lado.
Mais um drama, bem à medida de Lesley, mais um romance
histórico onde a corrida ao ouro pode mudar a vida das nossas personagens. A escrita
fluída e limpa da autora continua a surpreender-me pois quem mais é capaz de
nos dar todo o drama, horror e tragédia e, mesmo assim, conseguir com que seja
impossível largar o livro? Numa viagem ímpar da vida burguesa de Liverpool aos
locais dos criados, de Nova Iorque a Filadélfia até chegar ao Canadá, a autora transporta-nos
por todos os lugares e faz-nos conhecer todo o tipo de gente enquanto vemos
Beth e os seus companheiros a crescerem, a mudarem com cada experiência. Este é
um livro de dissabores e contrassensos, um livro que tanto gostei como odiei,
um livro onde faltou a chama que aquele longínquo Segue o Coração me deu, onde os exageros e dramatismos da autora,
desta vez, me deixaram a assoprar de cada vez que mais uma desgraça acontecia.
Através de uma narrativa empolgante, cheia de aventuras e
viragens do destino, quatro companheiros apoiam-se, vivem lado a lado e
colmatam as falhas uns dos outros, nunca sonhando o que a manhã seguinte lhes
trará. Recheado de detalhes históricos interessantes sobre uma época e um
acontecimento de que pouco se fala neste tipo de romances, Lesley agarra-nos,
fazendo com que revivamos cada esforço e batalha que milhares, senão mais, de
emigrantes tiveram de viver para conseguir alcançar uma vida próspera na terra
prometida. Com cada situação, a autora fala de experiências e desamores, da
coragem para sobreviver, para o ser humano conseguir ultrapassar-se. Em cada um
dos protagonistas conseguimos visualizar um tipo de pessoa, um tipo de vida, um
tipo de sonho, conseguimos compreender e admirar a forma como lutaram para
alcançar o que queriam mas, desta vez, a história criada pela autora consegue
falhar exactamente na construção destas mesmas personagens.
Um dos pontos obrigatórios de um livro desta autora é ter
uma protagonista perfeita. Venerada pelos homens e admirada ou invejada pelas
mulheres, cheias de coragem, beleza e garra, acompanhadas de muito bom senso,
assim se pode resumir todas elas e Beth não é excepção, só que, desta vez, Beth
foi o ponto mais irritante da leitura, talvez por ser tão demasiado
perfeitazinha, talvez por nos ser impossível conceber que alguém assim faça tão
más escolhas no campo amoroso, talvez porque ela acabou por me parecer
demasiado extremista. Pelas suas escolhas e pelas razões delas, Beth foi para
mim, o ponto da irritabilidade desta leitura e sendo a protagonista, acabou por
estragar o restante efeito do livro. Quem salvou a leitura e foi o verdadeiro
herói deste livro foi o Jack que, apesar de ver a mulher que ama a renega-lo
por um parvalhão só porque não tem estudos, nunca deixa de estar ao lado e
acaba por ser a força do grupo em todos os momentos, nunca desistindo, nunca
perdendo a esperança.
Esta foi uma leitura que me tirou um pouco da vontade de
voltar a ler a autora e que acabou por me desiludir um pouco e não é um livro
que aconselhe a quem queria experimentar a autora mas que deve ser lido antes
do memorável Segue o Coração.
3*Opinião Clube BlogRing seguindo a classificação do Goodreads